História e Interdisciplinaridade
Para facilitar a transmissão e a
absorção do conhecimento, o mesmo foi dividido em vários compartimentos,
habitualmente chamados de disciplinas: comunicação e expressão, matemática,
ciências, estudos sociais, artes, entre outros - ou, alternativamente,
português, matemática, física, química, biologia, história, geografia, artes,
filosofia, sociologia, antropologia etc. Essas formas de classificar o
conhecimento são artificiais, pois raramente um problema se encaixa unicamente
dentro dos limites de uma só disciplina.
A interdisciplinaridade veio com a
proposta de romper a fragmentação existente entre as disciplinas, as barreiras
existentes entre os professores, somando o que estava dividido pela
fragmentação do conhecimento e pela maximização da especialização.
Segundo Yared (2008), “etimologicamente,
interdisciplinaridade significa, em sentido geral, relação entre as disciplinas”
(Yared, 2008, p. 161). Ainda acrescenta que:
A
palavra interdisciplinaridade evoca a "disciplina" como um sistema
constituído ou por constituir, e a interdisciplinaridade sugere um conjunto de
relações entre disciplinas abertas sempre a novas relações que se vai
descobrindo. Interdisciplinar é toda interação existente dentre duas ou mais
disciplinas no âmbito do conhecimento, dos métodos e da aprendizagem das
mesmas. Interdisciplinaridade é o conjunto das interações existentes e
possíveis entre as disciplinas. (SUERO, 1986 apud Yared, 2008, p. 161-162).
Lenoir (1998 apud José, 2008) categoriza a
interdisciplinaridade a partir de quatro finalidades, a saber: científica,
escolar, profissional e prática. Em relação à interdisciplinaridade escolar,
Lenoir (op. cit.) afirma que a mesma exige um movimento crescente em três níveis:
curricular, didático e pedagógico.
O nível curricular exige: “o estabelecimento de ligações de interdependência,
de convergência e de complementaridade entre as diferentes matérias escolares
que formam o percurso de uma ordem de ensino ministrado, a fim de permitir que
surja do currículo escolar — ou de lhe fornecer — uma estrutura
interdisciplinar” (Fazenda, 1998 apud
JOSÉ, 2008, p. 86).
O nível didático didática tem como objetivo básico “articular
o que prescreve o currículo e sua inserção nas situações de aprendizagem. É o
espaço de reflexão do fazer pedagógico e sobre ele, planejando e revisando
estratégias de ação e de intervenção, o que ainda não é o suficiente” (José, 2008, p. 86).
Já o nível pedagógico é o “espaço da atualização em
sala de aula da interdisciplinaridade didática” (José, op. cit.). É este nível de interdisciplinaridade
escolar que permite acreditar em uma educação interdisciplinar, que pode ser
materializada e vivida nas escolas.
A interdisciplinaridade no ensino de História busca,
sempre que possível, o diálogo com outras áreas de conhecimento, como a
sociologia, a geografia, a filosofia, a literatura, entre outras. Vale
ressaltar que a História, atualmente, tem desenvolvido seus próprios conceitos
e métodos de trabalho, não mais sendo feito com modelos teóricos previamente
construídos.
Então, por que se deve ensinar História na escola?
Segundo Rodrigues (1987), o conhecimento da temporalidade das relações sociais,
das relações políticas, das formas de produção econômica, da produção cultural,
das idéias, dos valores, devem permitir ao estudante compreender que a
realidade social resulta da ação de homens concretos, imbuídos de vontades,
coragem, interesses, compromissos, mas, sobretudo de ação organizada. Acrescentamos
que esse educando deve ser instrumentalizado para perceber os diversos
movimentos da disciplina História, bem como da vida, de maneira a vencer os
preconceitos e a discriminação, de forma a conviver com a diversidade e não com
a singularidade, inclusive de leituras.
Auxiliar os jovens a edificarem o sentido do estudo
da História constitui um desafio que requer ações educativas articuladas. “Trata-se
de lhes oferecer um contraponto que permita ressignificar suas experiências no
contexto e na duração histórica da qual fazem parte, e também apresentar os
instrumentos cognitivos que os auxiliem a transformar os acontecimentos
contemporâneos e aqueles do passado em problemas históricos a serem estudados e
investigados”. (BRASIL, 2006, p. 65). Neste contexto, há uma preocupação, no
ensino da História, de ampliar a discussão de temas ligados à preservação
ambiental, à proteção de tradições culturais, à proteção dos patrimônios
culturais, à necessidade da convivência respeitosa com as diferenças. Segundo
Fazenda (2003 apud José, 2008):
o ensino de história deve
procurar cultivar valores, atitudes e hábitos que libertem o indivíduo do
isolamento cultural ao qual a civilização ocidental o condenou. Nesse sentido,
a história, vista sob perspectiva interdisciplinar, deve ser mais que simples
ordenação seqüencial e manuseio de certos materiais para consulta, deve plantar
a semente do futuro pesquisador e do cidadão que luta por seus direitos e
deveres, enfim, por sua liberdade (Fazenda,
2003 apud José, 2008).
No ensino médio, cada disciplina presente no
currículo pode ser comparada a uma peça que é parte inseparável de um conjunto.
A História adquire seu pleno sentido para o ensino-aprendizagem quando busca
contribuir, com sua potencialidade cognitiva e transformadora, para que os objetivos da educação sejam plenamente
alcançados (Brasil, 2006).
As Diretrizes Curriculares Nacionais orientam para
a relação e aproximação das disciplinas, com o intuito pedagógico da
interdisciplinaridade, da contextualização, da identidade, da diversidade e
autonomia. De acordo com o Ministério da Educação, “o ensino de História,
articulando-se com o das outras disciplinas, busca oferecer aos alunos
possibilidades de desenvolver competências que os instrumentalizem a refletir
sobre si mesmos, a se inserir e a participar ativa e criticamente no mundo
social, cultural e do trabalho”. (BRASIL,
2006, p. 67). Ainda acrescenta que:
O princípio pedagógico da interdisciplinaridade
é aqui entendido especificamente como a prática docente que visa ao
desenvolvimento de competências e de habilidades, à necessária e efetiva
associação entre ensino e pesquisa, ao trabalho com diferentes fontes e
diferentes linguagens, à suposição de que são possíveis diferentes
interpretações sobre temas/assuntos. Em última análise, o que está em jogo é a
formação do cidadão por meio do complexo jogo dos exercícios de conhecimento e
não apenas a transmissão-aquisição de informações e conquistas de cada uma das
disciplinas consideradas isoladamente. (brasil,
2006, p. 68).
A aplicação dos métodos que aplicam a
interdisciplinaridade para o ensino da História é uma necessidade que tem em
vista facilitar o trabalho do professor e melhorar o desempenho do aluno.
Referências
Bibliográficas
BRASIL. Orientações
curriculares para o ensino médio: ciências
humanas e suas tecnologias. Volume 3. Brasília: Ministério da Educação –
Secretaria de Educação Básica, 2006.
José, M. A. M. Interdisciplinaridade:
as disciplinas e a interdisciplinaridade brasileira. In: Fazenda, I. (org.). O Que é interdisciplinaridade? São
Paulo: Cortez, 2008.
RODRIGUES, R. Por um nova escola: o
transitório e o permanente na educação. 6 ed. São Paulo: Cortez, 1987.
Yared, I. O que
é interdisciplinaridade? In: Fazenda,
I. (org.). O Que é
interdisciplinaridade? São Paulo: Cortez, 2008.
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