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terça-feira, 20 de setembro de 2011


História Regional e Local

Pesquisas em História Regional e Local vêm se configurando como um dos novos desafios propostos pela historiografia recente. A História Local não estuda apenas acontecimentos de grandes amplitudes sociais, mas se dedica a histórias sobre pessoas comuns do local em que estão inseridas. Ao estudar pequenas localidades, os historiadores poder prender sua atenção “em uma região geográfica particular, cujos registros estivessem bem reunidos e pudessem ser analisados por um homem sozinho” (Raffestin apud Barros, 2005). No texto “Considerações sobre História Regional”, Aldieris Braz Amorim Caprini nos chama a atenção para a importância em se realizar pesquisas enfocando a História Local para se conhecer melhor a história do Brasil. Essa especialidade da História tem por um de seus objetivos valorizar as peculiaridades; como ela focaliza pequenos mundos, é capaz de alcançar viveres e saberes populares em dimensões que as macro-abordagens não conseguem atingir. O historiador que dedica seus estudos a História Regional interessa-se em estudar uma região específica, levando em consideração as relações sociais que se estabelecem dentro do espaço em consideração. Desta forma, o espaço regional não é limitado levando em consideração apenas os aspectos geográficos, mas refere-se também a aspectos antropológicos, culturais, políticos, entre outros. Assim, ao estudar uma determinada região, o historiador pode defini - lá através de alusões antropológicas, culturais, econômicas, políticas, entre outras. Caprini faz uma compilação de considerações que devem ser verificadas ao trabalhar com História regional e Local:
- o pesquisador deve ter identificação com o assunto – como em qualquer pesquisa –, nesse caso deve ainda apresentar afinidade com a região em estudo, fazendo-se necessário uma relação, afinidade, entre pesquisador e objeto de estudo;
- o pesquisador deve estar ciente de que a história regional vai lhe trazer algumas implicações no que se refere às fontes. Na maioria das vezes, os documentos não estão em arquivos públicos organizados e à disposição para a pesquisa, sendo encontrados em posse de famílias, que, muitas vezes não se sentem à vontade em ceder suas fontes para pesquisas;
- quando o historiador chega ao documento, terá que organizá-lo para depois trabalhar;
- as fontes orais são importantíssimas no estudo regional, mas cabe ao historiador saber conduzir sua escrita para que a pesquisa não fique comprometida com os interesses do entrevistado ou a distorção das respostas;
- as fontes secundárias são escassas ou não existem, na maioria das vezes, pois sua pesquisa pode ser pioneira sobre aquela região. Isto se constitui em outro ponto interessante sobre a História Regional, pois o pesquisador não vai ter um livro ou outras pesquisas para nortear seu trabalho, o que demanda mais tempo para organizar a pesquisa;
- como, na maioria das vezes, o pesquisador regional convive com seu objeto de pesquisa, ele poderá ser questionado sobre as conclusões apresentadas, que muitas vezes não são o que o objeto de estudo gostaria que fosse apresentado.
- necessário recorrer ao referencial teórico e ao rigor científico.
- o pesquisador regional deve se posicionar perante seu ofício a partir de teorias e metodologias de pesquisa.
Desta forma, as pesquisas em História Regional devem ser incentivadas, em especial pelas diversas universidades do Brasil, tanto em cursos de graduação como de pós-graduação, pois essas pesquisas podem resgatar a cultura e a identidade da região onde são realizadas, contribuindo para conhecermos um Brasil pouco pesquisado, entretanto, que possui muitas histórias para contar e só espera por alguém disposto a ouvi-la, analisá-la, desvendá-la e publicá-la.
Agnaldo de Sousa Barbosa explana, no texto “A propósito de um estatuto para a História Local e Regional: algumas reflexões”, entre outros assuntos, sobre o preconceito que ainda existe em relação à História Local e Regional, em que alguns pesquisadores a consideram como sendo uma “história menor, de status inferior”, desta forma, ele busca acordar para a necessidade de superar tal visão, em especial no meio acadêmico, tanto nacional como internacional, já que esta modalidade da História investiga as singularidades e diversidades existentes na História, sendo portadora de grande importância, já que trabalha com as realidades particulares do local em estudo.
O autor propõe a definição de um estatuto para a História Local e Regional, sendo que o mesmo deve ser constituído com a noção de tempo dos lugares e historicidade dos espaços. Sobre tempo dos lugares, o autor refere-se ao “tempo que é próprio de cada espacialidade e por isso diferente da noção utilizada pela história que trabalha com explicações sob parâmetros macro-analíticos” e sobre a historicidade dos espaços ele propõe “que a delimitação dos recortes espaciais seja feita levando-se em conta a historicidade dos espaços. Assim, a definição do que é o local ou a região vale-se, criteriosamente, da observação das relações orgânicas que determinada espacialidade mantém com outra em diferentes momentos históricos. Desta maneira, a noção de espaço local ou regional é flexível e suas modificações derivam dos movimentos e do curso da história”. Desta forma, o interesse de um historiador que se lança sobre a pesquisa do local é estudar uma região específica, ou seja, determinada espacialidade. Este espaço pode se referir a um recorte cultural e/ou antropológico, entre outros, e não necessariamente a um recorte geográfico.

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